terça-feira, 19 de junho de 2012

Contos de Fadas Bizarros: Parte 4 - João e Maria


João e Maria
Sinceramente não sabia qual a possibilidade da fábula de Joãozinho e Maria ser mais bizarra do que a originada pelos Irmãos Grimm. Afinal de contas, um pai abandonar os filhos no meio de uma floresta simplesmente porque não tinha comida para alimentá-los realmente é uma ótima coisa para se contar às crianças, não é? Não
A história de João e Maria não é tão popular quanto às outras. Talvez justamente pelo seu conteúdo pesado e por passar tão literalmente a mensagem negativa. 
Em um dos contos, o pai das duas crianças é um pobre camponês que induzido pela madrasta das mesmas resolve abandoná-las. Estão passando por períodos de dificuldades e não há possibilidade de alimentarem quatro bocas.

As crianças já crescidas mostram-se espertas, e ao escutarem a conversa por detrás da porta, planejam uma forma de voltar para casa após o abandono. Joãozinho sai durante noite e coleta pedras que reluzem à luz do luar e as joga pelo caminho traçado de casa até o meio da floresta. Inclusive, chegam à casa primeiro que os maldosos pais que ficam extremamente surpresos.

Na mesma noite a madrasta volta a atacar e a induzir o homem a abandoná-los novamente. E então, tranca a porta durante a noite para que pedra nenhuma seja acumulada para marcar o caminho.
"Na mesma noite a madrasta volta a atacar e a induzir o homem a abandoná-los novamente."
 Joãozinho, porém, substitui as pedras por pedaços de pão. Mas não somente eles estavam passando fome, mas também todos os animais. Os quais foram comendo todos os pedaços de pão jogados pelo chão.

Na versão mais ‘leve’, o pai pede para que os filhos vão pegar lenha, mas os alerta para não irem longe, ou irão se perder. Para prevenir eles jogam os pães que são devorados pelos pássaros e eles não sabem o caminho de volta.

João e Maria - A floresta
Ambos os contos as crianças se perdem pela floresta escura e começam a rodar em busca de um local seguro. E então, encontram uma casa feita de guloseimas. Confesso que até eu correria para essa casa, caso o telhado fosse de chocolate.

Uma velha senhora os acolheu para dentro, prometendo fazer algo com mais sustância para comerem. Ao entrarem na casa, a velha revela-se bruxa, prende Joãozinho numa gaiola e escraviza Maria obrigando-a fazer serviços domésticos. Maria sairia ilesa, mas o menino seria o jantar futuramente.
"Ao entrarem na casa, a velha revela-se bruxa, prende Joãozinho numa gaiola e escraviza Maria obrigando-a fazer serviços domésticos."
Sendo assim, todos os dias, o menino era muito bem alimentado para que engordasse. E a bruxa conferia se estava engordando ou não, medindo diariamente a grossura do dedo de João. E como a fábula deixa evidente a sagacidade infantil, quando ele percebe que a velha não enxerga direito, guarda para si um osso de galinha e toda vez em tem a fiscalização do dedo ele estica o osso, impossibilitando-a de ver se estava ou não engordando.
"E a bruxa conferia se estava engordando ou não, medindo diariamente a grossura do dedo de João."
 Após dias a velha decide que comerá João, gordo ou magro.

Em outra versão, ao invés da casa ser habitada por uma velha bruxa, é um casal de demônios. Pretendem a mesma coisa com Maria, mas João seria estripado num cavalete de madeira.

Seja no cavalete, ou cozido, Maria torna-se peça chave no desfecho da fábula. A Bruxa pede para que a menina limpe e esquente o forno, para logo menos cozinharem Joãozinho. Na outra versão, o “demônio-fêmea” pede para que ele seja colocado no cavalete de madeira enquanto o “demônio-macho” foi buscar lenha. Tanto em uma quanto em outra, Maria faz-se de desentendida e pede alguma demonstração. Ingênuas, uma acaba presa e queimada no fogão e a outra decapitada no cavalete, respectivamente. Maria solta o irmão e eles vasculham a casa atrás de coisas que possa melhor a situação de vida deles.
"A Bruxa pede para que a menina limpe e esquente o forno, para logo menos cozinharem Joãozinho."
 Mesmo sendo abandonadas duas vezes, as crianças retornam à casa de seu pai, guiadas por um cisne. Os bolsos cheios de jóias e moedas de ouro, capturados na casa de guloseimas.