O Edifício Joelma de 25 andares foi um dos prédios mais importantes do centro de São Paulo. Na manhã de 1 de Fevereiro de 1974, Sexta-feira por volta das 8:50, o edifício sofreu um incêndio que durou por mais de quatro horas resultando na morte de 189 pessoas e cerca de 345 feridos.
O Edifício Joelma foi então recuperado e renomeado para Condomínio Edifício Praça da Bandeira, mas reza a lenda que o edifício é assombrado pelos fantasmas das pessoas que morreram naquele fatídico dia. Dizem que as almas ficaram lá presas naquele edifício amaldiçoado passando por um ciclo de sofrimento sem fim, na época alguns espiritas chegaram a dizer que era a história que se repetia, que aquelas almas que morreram tão dolorosamente queimadas ou asfixiadas, eram almas já sofridas de pessoas que foram mortas durante as cruzadas, considero essa teoria cruel demais e prefiro me recusar a acreditar que estamos condenados a sofrer de novo e de novo...
Mas o caso é curioso, anos depois ainda especulamos sobre como e porque, claro que não existem respostas para essas perguntas, ainda, primeiro vamos reunir os fatos e as suposições macabras. Sendo assim devo começar pelo inicio, seria possível uma terra ficar possuída pelo mau que o ser humano é capaz de fazer ali? Estariam nossas almas condenadas a repetir o passado, mesmo quando cruel e injusto? O terreno onde o edifício foi construído realmente carregava energias tão negativas ao ponto de tirar centenas de vidas? Não sei, e o que você escolhe acreditar depende totalmente de você, o que eu posso é apresentar a história da melhor forma possível. Então vamos lá.
Dizem que o local é carregado de uma estranha energia espiritual, uma energia ruim quase como uma pulsão por sofrimento e luto, já antes do edifício Joelma ter sido ser construído em 1972.
Em 1948 existiu uma mansão, a cidade toda era basicamente composta de casarões do tipo, onde mais tarde viria a ser construído o edifício. Nessa casa morava com a sua mãe Benedita e as irmãs Cordélia e Maria Antonieta um professor de química orgânica chamado Paulo Camargo.
Antigo casarão que mais tarde seria demolido para a construção do infame edifício |
Paulo Camargo, 26 anos, assassino ficou conhecido como protagonista do "crime do poço" |
Nenhum dos espectadores brasileiros esperava testemunhar o crime hediondo que estaria por vir. O Professor de Química da Universidade São Paulo, Paulo Ferreira de Camargo parecia ser um cidadão normal, acima de qualquer suspeita, porém foi protagonista do crime que ficou conhecido como O Crime do Poço. Paulo Ferreira, 26 anos, solteiro, morava na Rua Santo Antônio 104, quase na esquina da Av. Nove de Julho em São Paulo. A família era constituída por sua mãe, Benedita Ferreira de Camargo e suas duas irmãs, Maria Antonieta e Cordélia. No dia 5 de novembro Paulo informou aos amigos que faria uma viagem com a família para o Paraná. Alguns dias depois enviou notícias de que suas irmãs e sua mãe teriam falecido em um acidente de carro próximo a Curitiba. Sem funeral e prévia comunicação da viagem pelas outras integrantes da família,vizinhos e amigos passaram a desconfiar de que algo não condizia com as declarações de Paulo. Esse fato, através de denúncias, levantou as suspeitas dos policiais que iniciaram uma investigação. Descobriram que Paulo havia construído um poço no quintal da casa no final de outubro alegando que montaria uma fábrica de adubos e que a água encanada não serviria para o desenvolvimento de seu trabalho. Também coletaram informações na Universidade São Paulo sobre o comportamento do suspeito, comportamento esse que só aumentou a desconfiança dos policiais. Além de professor, Paulo Ferreira era assistente, no laboratório de Química da USP, do Dr. Hoffman que mencionou alguns questionamentos estranhos feitos por ele como a sua curiosidade sobre quais seriam os melhores agentes químicos para corroer um cadáver.
Um dos bombeiros viria também ele a ser "vítima da maldição" e morreu pouco tempo depois vítima de infecção cadavérica*. Este caso abanou a população de São Paulo e ficou gravado na história como o caso do "Crime do Poço". Logo depois o lugar ganhou fama de estar assombrado.
Bombeiros recuperando corpos |
Oswald de Andrade na época escreveu para a Folha da Manhã, cinco artigos como folha de capa, sob o título “Crime sem Castigo”, em que procurou analisar o crime de Paulo Ferreira de Camargo sob os aspectos psíquicos também.
"Com a violência da censura ancestral, Paulo viu agigantar-se diante dele a família inútil. A psicogênese do crime evidentemente já trabalhava o seu inconsciente. Chegou um momento em que ele gritou NÃO àquela pobre gente que representava a incompreensão e o tabu das velhas castas e dos superados preconceitos”.
Concluída as investigações, sabe-se que Paulo executou a mãe e a irmã entre 09:00 e 10:00 da manhã do dia 4 de novembro e que sua outra irmã, Cordélia, foi executada no mesmo dia e da mesma forma quando voltou do trabalho para almoçar em casa. No dia 23 de novembro de 1948, Paulo se reuniria com sua família para almoçarem, como de costume. Maliciosa e discretamente, Paulo colocou sonífero no alimento de sua mãe e irmãs. Drogadas, elas dormiram rapidamente. Em seguida Paulo pega um revólver e efetua vários disparos contra todas elas, as quais morrem na hora. Após o assassinato, Paulo coloca capuzes nas cabeças da vítimas, arrasta os corpos para os fundos da casa, e os joga no poço recém construído. Nos dias que se seguem, Paulo leva uma vida normal.
Paulo Ferreira de Camargo era Professor do Departamento de Química da Universidade de são Paulo, a qual se localizava naquela época na alameda Glette. Uma carreira brilhante, interrompida estupidamente. Descobriu-se posteriormente que o Professor Paulo Ferreira fazia uso de drogas, isso talvez devido ao fácil acesso aos produtos químicos em sua profissão. Também foi revelado por companheiros de onde lecionava, que o Professor Paulo Ferreira já apresentava à algum tempo um comportamento desiquilibrado, pois andava armado, e segundo constatado, havia efetuado disparos com seu revolver no interior do laboratório de química da faculdade.
Soube-se mais tarde que o local ficou conhecido como amaldiçoado. Um dos bombeiros que participou das escavações foi contaminado com uma *infecção por matéria cadavérica ou febre puerperal, que o levou a morte. A casa ficou fechada até o final da década de 1960 quando foi demolida com as demais do quarteirão. No local, em 1971, foi construído um prédio de 25 andares, com projeto arrojado, um dos mais modernos na época: o EDIFÍCIO JOELMA.
Segunda parte sobre os acontecimentos do edifício em si na quarta feira.
Fontes; cemitério sp; Além da imaginação
*Infecção Cadavérica: É um tipo de infecção adquirida quando uma pessoa sem as devidas proteções, não utilizando luvas e máscara apropriada, realiza contato com cadáveres, adquirindo dessa forma infecções diversas pelo corpo, podendo levar em alguns casos até a morte.