domingo, 28 de junho de 2015

Fotos post-mortem...


"A Cama Repulsiva - CJ Laughlin - 1948"

Confesso que me deixei levar pelo termo "fantasmas" ao esbarrar no livro "Fantasmas ao Longo do Mississipi", de Clarence John Laughlin, e fico muito feliz de ter me enganado!

Tive o privilégio de pôr as mãos no livro "Ghosts Along the Mississipi", lançado em 1948 por Clarence, o Caçador de Ruínas. Um fotógrafo genial, para muitos o primeiro surrealista nesse campo nos EUA. Sempre fui fã de surrealismo e de fotos em cemitérios (quem nunca tentou, experimente!) e algumas das imagens de Clarence conseguem ser poéticas e ao mesmo tempo perturbadoras. É um de seus compêndios, de fato o mais famoso, e contém breves textos do autor e notas sobre as fotografias. O termo "fantasma" é uma alegoria aos velhos e apodrecidos casarões ao longo do rio Mississipi, que são tanto modelos quanto lugar comum para as outras fotos e composições.

Clarence usava várias técnicas para compor as fotos, isso bem antes do Photoshop, usava modelos, sobreposição, colagens, etc. O trabalho desse mestre merece ser buscado e apreciado, e, embora as fotos dele não sejam diretamente relacionadas ao tópico, me sinto no dever de citá-lo como inspirador...

Essas fotos lindas e assustadoras acabaram me levando ao site http://thanatos.net/. É um entre tantos outros sites que tem a mesma proposta: compilar e preservar fotografias de jazigos, fotos post-mortem, e outros itens relacionados, doados a eles por familiares dos falecidos. As imagens são do século XIX e do início do século passado (putz.. o século em que nasci). O site disponibiliza pouco mais de 100 fotos de "preview", e uma sacana ausencia de zoom - e libera o acervo completo para membros.

Foto linda, até você saber que é post-mortem

Esse tipo de foto pode ser achada aos baldes pela internet, e algumas são belas e profundamente tristes, enquanto outras são meio incômodas, como as que envolvem crianças ou animais, ou as que tentam simular um soninho tranquilo, com a família ao redor de uma criança com uma expressão medonha (olhando diretamente para VOCÊ).

Outras tentam de modo grosseiro simular cenas cotidianas, como na foto abaixo. Abriam-se os olhos do falecido ou até desenhavam as pupilas na foto já revelada.

Na foto abaixo, adivinhe que estava morto:

"Fique paradinho que o tio vai tirar a foto"

Muitas famílias nessa época viviam na miséria e ainda eram assoladas por altas taxas de mortalidade infantil, o que as vezes tornava esta a única foto com a família toda junta. Em algumas das imagens é bem provável que todos estivessem vivos, posto que também era costumeiro tirar retratos com entes queridos acometidos de doenças terminais ou que não fossem consideradas curáveis. De qualquer modo, vale a pena dar uma olhada pra nos lembrarmos que do pó viemos...


Fontes: http://imgur.com/gallery/uMumn
http://io9.com/the-strangest-tradition-of-the-victorian-era-post-mort-472772709