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domingo, 27 de setembro de 2015

Bem vindo à misteriosa Zona do Silêncio no México

Enquanto tudo que você poderia esperar ouvir é o vento, frio, seco e constante, um ruído estranho lhe chama atenção. É o som do metal de uma velha e enferrujada placa açoitada pela força invisível do ar em movimento, que cruza o deserto da região de Mapimí levantando pequenos redemoinhos de poeira amarela.

A placa, inquieta, deixa ver uma enigmática inscrição: Zona del silencio.
 
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O que é a Zona do Silêncio?

A Zona do Silêncio faz fronteira com os estados de Coahuila, Chihuahua e Durango e cobre uma área de 50 quilômetros de diâmetro. Aos olhos de um incauto, o lugar seria só um monte de pedras e areia numa região mexicana desprovida de maiores atrativos, mas para muitas pessoas ali está um lugar único e extremamente misterioso no planeta Terra.

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Após cuidadoso estudo, constatou-se que a área está totalmente magnetizada e as ondas de rádio simplesmente não podem se espalhar ali … Daí o nome “Zona do Silêncio”.

Esta área tem atraído muito interesse em estudiosos de todo o mundo e os cientistas americanos afirmaram que, por sua natureza, a Zona do Silêncio seria um lugar ideal para estabelecer uma base de lançamento de naves interplanetárias, uma planta nuclear e várias outras coisas.
Outros fenômenos que ocorrem constantemente neste território, envolvem uma quase permanente queda de meteoritos, que podem ser encontrados praticamente em todos os lugares, como se estivessem sendo atraídos por um ímã gigante. 

Queda de meteoritos
 
Além disso, a fauna local inclui animais que sofreram mutações similares às produzidas pela radioatividade. Alguns deles parecem elementos saídos direto do pesadelo, como tarântulas gigantes, cobras perigosas de dimensões anômalas. Há também estranhas luzes que surgem no céu e relatos de ufos e seus supostos tripulantes.

Devido a essas ondas de avistamentos incomuns, estabeleceu-se em Torreon o Centro de Pesquisa de Fenômenos extraterrestres, o que confere um toque de mistério extra para a Zona do Silêncio.

A zona do silêncio ganhou alguma notoriedade em 1930, quando Francisco de Sarabia pilotava um avião e ao sobrevoar a região, disse que o seu rádio parou de funcionar repentinamente, e os instrumentos do avião ficaram completamente malucos.

O caso de Francisco, muito similar ao de pessoas que viveram panes surreais na área do triângulo das Bermudas suscitou uma investigação mais aprofundada. Nessa pesquisa sobre o caso, foi deduzido que isso aconteceu devido aos poderosos campos magnéticos do local.

Estranhamente, a zona do silêncio encontra-se entre a latitude 26 e 28 norte e os meridianos 104 ° e 106 ° de longitude oeste. É a mesma latitude que o famigerado Triângulo das Bermudas (eu mesmo tenho um amigo piloto que quase morreu lá) e as pirâmides do Egito.



Mas aquele não seria o único fenômeno insólito ocorrido ali. Um dos mais estranhos se deu com um míssil e não com um avião.

No dia 11 de julho de 1978, a força aérea americana lançou um míssil de testes, na base de Utah. O míssil estava destinado a atingir um alvo numa área de testes militares do Novo México, porém, sem aviso, o míssil alterou brutalmente sua trajetória e explodiu na zona do silêncio.

O misterioso defeito levantou questionamentos se ele teria sido “puxado” para aquele local por uma força ainda desconhecida.

Na zona do silêncio os celulares não funcionam. Nem televisões e muito menos rádios. A área não recebe sinais de satélites ou qualquer outro tipo de onda neste local. Acredita-se que não é possível ter nenhum tipo de contato com o mundo exterior a partir deste misterioso local.

Claro que a fama misteriosa do local atrai como um ímã também muitas pessoas estranhas e “alternativas” que afluem pelas estradas retas do deserto em busca de “contatos imediatos”. 

Buscando contato
 
Análises geológicas do terreno indicam a presença de cristalizações só encontradas ali, e há também plantas, que são únicas do lugar, como essa palma colorida super bizarra que parece muito com alguém aprendendo o Photoshop.



Após algumas pesquisas, descobri que a tal palma colorida existe mesmo, mas não é tão berrante. Mas ainda assim é bem misteriosa por só existir ali.


 
Para chegar à zona do silêncio, você tem que ir até Ceballos, Durango, de onde parte a estradinha de 55 km seguindo para leste.

Pra quem curte fazer um timelapse é um lugar mais que perfeito! O céu ali surge límpido e estreladaço, dada a falta de iluminação do deserto e ausência de cidades próximas. Visitantes são aconselhados a tomar um bom veículo para entrar neste lugar, pois enguiçar ali pode ser FATAL! Embora o acesso seja relativamente fácil, também é essencial a contratação de um guia experiente e trazer água suficiente para não entrar numa roubada das grandes.

Muitas das pessoas que afluem para a região, vão em busca de confirmar suas crenças na presença dos aliens na Terra. O lugar é cheio de relatos de encontros com criaturas humanoides estranhas. Uma família que mora nas redondezas do deserto, afirma que recebe visitas regulares de por um trio misterioso de pessoas que eles sabem não ser da Terra. São sempre os mesmos, todos de de cabelos longos e humanoides, dois machos e uma fêmea, que falam um espanhol perfeito e sem sotaque. Esses estranhos visitantes só pedem água, nunca aceitaram comida ou outra coisa. Uma vez, o fazendeiro já muito cabreiro, resolveu arriscar e lhes perguntou de onde vinham. Então os três apontaram para o céu e disseram: – “De cima”.

Outra das histórias estranhas do lugar diz respeito a um pesquisador que se perdeu no deserto. Ele relatou mais tarde que estava dirigido de volta ao seu centro de pesquisa e passou por um trio similar ao descrito acima, andando pelo meio do nada.

Uma história ainda mais famosa dos estranhos “habitantes” do local conta que uma equipe de TV foi ajudada por seres estranhos no deserto, depois de encontrarem presos na estrada, após a explosão de uma nuvem incomum. Estes seres supostamente usavam capas de chuva e bonés, roupa bem incomum para o lugar.

Lembra que eu contei o caso do míssil que mudou a trajetória?

Esse míssil causou mais impacto da zona do silêncio do que a simples destruição explosiva. Quando a Força Aérea veio recolher os destroços do míssil, eles observaram que a área anulava as transmissões de rádio. Os militares também levaram vários caminhões cheios de areia do deserto para análise (Há quem acredite que eles tenham usado essa areia em pesquisas ligadas a tecnologia do programa militar de caça stealth).

Quando um pedaço de foguete da NASA caiu ali, a coisa complicou de vez. Um estágio superior de um dos reforços do foguete Saturno V utilizadas no projeto Apollo rompeu-se e caiu lá. Mais uma vez, o exército dos Estados Unidos enviou uma equipe especial para a área para investigar suas propriedades misteriosas.

Também famoso é o caso de Ernesto e Josefina Diaz.

Em 13 de outubro de 1975, Ernesto e Josefina Diaz entraram no Zona de Silêncio em busca de rochas raras e fósseis marinhos, que podem ser encontrados com relativa abundância na região. Eles estavam usando uma picape da Ford novinha. Enquanto faziam a atividade, eles notaram que uma tempestade do deserto estava vindo em direção a eles. Para não serem pegos, eles colocaram as malas no veículo e saíram em disparada, mas não foram rápidos o suficiente para evitar a chuva implacável. A estrada à frente deles se transformou em um pântano lamacento e o veículo atolou.

Enquanto o casal se esforçou para tirar o carro da lama, duas figuras se aproximaram deles, acenando em meio à tempestade de chuva torrencial. Eram dois homens extremamente altos com capas de chuva amarelas e bonés, que ofereceram assistência para ajudá-los a sair do local. Os homens instruíram o casal encharcado a entrar na picape de novo, enquanto eles empurravam. Ao sair do buraco e ir para o terreno mais firme, o marido saiu da caminhonete para agradecer aos dois homens, mas bizarramente, eles tinham sumido.

Outro caso estranho ocorreu no mês de novembro de 1978, quando o jornalista Luis Ramirez Reyes visitou a Zona de Silêncio como parte de uma equipe de reportagem designado para cobrir uma história sobre as propriedades bizarras do site. Empolgados, eles escolheram ir à frente da equipe principal. Ramirez e seu fotógrafo estavam dirigindo mais por intuição do que por conhecimento da área.

De repente, ele percebeu que havia três homens andando à sua frente, vindo na direção deles. Esperando que esses homens pudessem ser capazes de apontar na direção certa, o jornalista disse para seu companheiro, que estava fazendo a condução, para diminuir para falar com eles. No entanto, ele se assustou quando o motorista passou por eles, como se não tivesse visto. Mais a frente, ele se espantou, pois ali estavam eles novamente – agora em uma parte diferente do deserto.

Desta vez, ele ordenou o fotógrafo (que disse que não estava vendo ninguém) a parar o carro. Ramirez desceu do veículo e foi até o meio do caminho, onde teve chance de falar com os três e perguntou se tinham visto um outro veículo como o deles na área. Eles disseram que não mas indicaram corretamente o local que o jornalista estava buscando.
Área de conflitos

De 1988 a 1990, foi feito um senso das populações humanas e uso da terra na Reserva da Biosfera Mapimí, onde fica a zona do silêncio.

Entrevistas formais e informais foram realizadas com os moradores locais e conservacionistas sobre seus pontos de vista do meio ambiente, a área protegida, e uns aos outros. Como quase toda reserva ecológica, o local tem problemas fundiários.

Há um conflito potencial entre fazendeiros locais, que valorizam a terra como pastagem para o gado, e os pesquisadores, que vêem na área somente sua importância ecológica.

A gestão da Reserva manteve boas relações públicas na área circundante diretamente a estação de campo e tem resgatado com sucesso uma espécie endêmica da tartaruga da extinção (que aparece na foto ali de cima).

Os moradores aceitaram a presença da Reserva como um meio percebido para proteger suas terras do interesse externo. Com o tempo, eles desenvolveram amizades de longo prazo com muitos dos pesquisadores. No entanto, a criação da Reserva teve pouca influência sobre as formas regionais de uso da terra, sendo a ação mais marcante a proibição da caça no local. Para a continuação da cooperação e aumento da participação dos moradores locais, era necessário um plano de gestão que integrasse a pesquisa básica e aplicada e incentiva os pesquisadores a compreender e enfrentar os problemas de uso da terra enfrentados pelos fazendeiros.

Uma forma inesperada e bizarra do uso da terra que gera renda nas cidades perto da reserva e também traz ameaça à conservação ambiental é justamente a zona do silêncio. Isso porque os relatos bizarros do lugar (a ampla maioria deles como o início deste post aqui) produzem uma enxurrada de turistas e curiosos de todo o mundo.

Essas pessoas e seus guias são chamados localmente como “zoneros”. Eles são geralmente considerados pelos locais como pessoas idiotas e também um incômodo, mas eles representam uma população substancial de estranhos que desejam ver, experimentar e levar para casa uma lembrança do que eles consideram ser a essência estranha do deserto. Para eles, o principal recurso da Reserva é a sua atmosfera rara que eles acreditam que transforma as ondas magnéticas da zona e resulta em fenômenos estranhos e ocorrências misteriosas, que vão de plantas mutantes a encontros com alienígenas.
 
O volume de visitantes vem aumentando brutalmente e isso produz impacto na ecologia da região

Desconstruindo o mito

Ao que parece, a origem de todo o frenesi em torno da zona do silêncio foi deliberadamente estimulado para gerar turismo.

O fio da história começa em Green River, Utah, em 1970. Quando o famoso míssil disparado da base do Rio Verde mudou sua rota e caiu lá.

A história poderia ter terminado ali, já que praticamente ninguém viu a queda do foguete. Alguns pastores nas colinas pensaram que que talvez um anjo tivesse caído. A vizinhança de fazendeiros ficou assustada e irritados como o gado estourando dos currais em pânico.
As pessoas nas cidades periféricas atribuíram o flash de luz a uma estrela cadente extraordinariamente brilhante (um meteorito). A coisa ia ficar no esquecimento, se não fosse o governo dos EUA chegar de mala e cuia, à procura de seu míssil, e ainda esperar -discretos como um elefante numa loja de louças- que a operação monumental não desse na vista.

De acordo com o “bom senso” do governo dos EUA, ninguém perguntou aos fazendeiro cujo gado tinha se assustado onde o míssil tinha caído. Não perguntaram nada. Chegaram como se a área fosse deles, e algumas pessoas de Gomez-Palacio foram contratados para vasculhar (discretamente) a área inteira em busca do míssil, enquanto aviões dos EUA observavam tudo a partir do ar. Quando ele foi finalmente encontrado, depois de três semanas de fusuê na área, estava enterrado parcialmente numa duna de areia.

Nesse meio tempo, relatos de operações suspeitas estavam se espalhando México adentro.

Rapidamente, a força de segurança local foi formada para proteger o míssil de vândalos e curiosos de passagem. A segurança vinha sendo capitaneada por um morador da cidade chamado Jaime. O tal do Jaime gostava de seu papel como “Capitán” e, mais tarde, estava disposta a arrebanhar seus meninos da segurança e contratá-los como um grupo de milícia local, auto-intitulado los Rurales. Dez anos mais tarde, mataram ele a tiros em Ceballos em um duelo por uma menina.

Mas a pergunta é: O que aconteceu com o míssil?

“Los Americanos” construíram uma pista de pouso perto de onde o míssil caiu e montaram um acampamento. à medida em que o acampamento era aparelhado, eles construíram uma extensão especial de ferrovia dali até a duna de areia onde estava o tal míssil.

Quando a mini-ferrovia ficou pronta, as dunas foram escavadas, a areia ao redor foi colocada em sacos, tudo isso foi carregado no trem que os levou aos aviões e de lá todo o material, míssil e areia, foram levados embora.

A operação logística rápida e complexa se deu e depois eles partiram, levando os trilhos do trem com eles e deixando uma pista de pouso no deserto e uma meia duna como despojos.

Aqui eu abro um espacinho para comentar que esse “míssil” devia ser mesmo muito especial, né? Até porque originalmente ele seguia em direção da área 51! E nem vou comentar a incongruência de uma explosão que fez o gado estourar e um míssil ainda inteiro a ponto de ser levado de trem ate o avião de carga do Tio Sam… Mas voltando ao caso:

A história poderia ter terminado aqui também. Os fazendeiros viram a saída dos americanos com alívio. Tudo parecia voltar ao normal. Os trabalhadores voltaram para Gomez-Palacio, sem nunca saber realmente o que o barulho tinha sido. O governo dos EUA, como seria de se esperar, estava mudo sobre o assunto. Mas Jaime, dois fazendeiros locais, e seus amigos de Gomez-Palacio perceberam a importância que tinha sido atribuída a aquela região, de outra forma bastante miserável, e eles começaram a falar sobre a possibilidade de construção de um hotel na região para incentivar o turismo ufológico e interesse na área.

O que aconteceu depois não é muito claro. Alguns dizem que Jaime começou a se dizer influente na região e que seria o seu papel a “revelação das misteriosas ocorrências da área”.

Outros dizem que os proprietários de terras embelezaram um pouco a história do míssil, acrescentaram alguns dados de que na verdade o que havia caído era uma nave, não se sabe se terrena ou alienígena…

Seja qual for o caso, os jornais locais e, posteriormente, os meios de comunicação nacionais pegaram aquela história bizarra que continuaram a desdobrá-la nos jornais e ondas de rádio da América do Norte. De acordo com os fundadores auto-proclamados da Zona del Silencio, as anomalias magnéticas estranhas da atmosfera preveniam a transmissão de rádio em pontos específicos e faziam as agulhas das bússolas girarem loucamente.

De acordo com um panfleto produzido e distribuído por um grupo de zoneros de Quebec (patrocinado pelo Ministério canadense de Assuntos Culturais e do Museu de Quebec), o centro deste vórtice é chamado de “Vertice de Trino” e está localizado onde os três estados de Coahuila , Chihuahua e Durango se encontram.

Poeira metálica “cósmica” pode ser reunida aqui com um ímã – diz o panfleto. Há também o caso do “meteorito racional”, ou meteorito Allende, que caiu na região, mais ou menos 100 milhas ou mais da reserva, em 1969, e é frequentemente citado como corroborante de que as coisa “são atraídos para o local”.

A comparação da Zona é freqüentemente feita com Triângulo das Bermudas, as pirâmides do Egito, as cidades sagradas do Tibete, e até Cabo Canaveral, os quais situam-se entre os paralelos 26 e 28. A impressão geral deixada por essas histórias e apoiado pelos habitantes da região interessados na grana que elas trazem é que “as coisas caem do céu” ali.
Recentemente um dos fundadores do turismo de mistério na região surgiu com a notícia bombástica que a NASA planeja construir um centro científico na área da Reserva para investigar os fenômenos e a possibilidade de comunicações extraterrestres.

Um estudo inédito, mas nunca visto realmente é muitas vezes citado pelos zoneros como uma prova de que “o sangue dos habitantes da zona é diferente”.

A Zona do Silêncio também tem a reputação de ser uma área antiga, com uma ligação estreita com o passado e o futuro. Anualmente centenas de zoneros vêm para procurar fósseis, artefatos, meteoritos, ou qualquer outra coisa curiosa, e o que encontram, eles levam com eles. As lojas de pedras em toda a região também vendem geodos, fósseis e artefatos da Zona.

Grupos de zoneros mantém regularmente conferências e reuniões durante a noite na área da reserva, onde eles pretendem ver e ouvir os seres de outros mundos.
Um grupo de ufolatria local considera que o estranho magnetismo local é sinal de que há uma cidade alienígena oculta no interior do solo.

Pelo que pude levantar para a pesquisa deste post, somente os zoneros (que ganham grana levando gente lá) dizem que há problemas de faltar rádio ou perturbações magnéticas bizarras. As tais reivindicações de mutações se referem a fenômenos naturais, os triângulos misteriosos no cascos das tartarugas, vistas por ufólatras como “marcas de aliens” são uma variante padrão normal nas populações de tartaruga Bolson e as plantas de cores bizarras são nopal coyotillo que naturalmente adquirem um tom de violeta durante o período de seca.
Além disso, a população humana local, ao contrario das alegações sensacionalistas, é composta de gente de todos os tamanhos e tipos, tal como as populações circundantes.

Quanto a própria zona do silêncio, parece haver pouco consenso sobre exatamente onde ela está. Ela foi originalmente considerada o lugar onde o míssil caiu. Este é também o lugar marcado nos mapas topográficos INEGI e os roteiros da American Automobile Association (AAA).
Mas em algum momento dos últimos vinte anos, o local mudou-se para mais perto da prisão de El Tapado, onde um engenheiro que trabalhava para a PEMEX alegou que seu equipamento parou de funcionar misteriosamente. Desde então, o local exato tem gradualmente se mudado para o norte, e os visitantes sequelados vão sendo levados para qualquer área curiosa na Reserva.

A maioria dos guias levam seus clientes para uma área onde eles podem coletar fósseis perto da prisão El Macho, ou mais para o sul, numa área que está repleta de pequenas pedras lisas que se parecem com os restos de meteoritos. Além disso, os moradores locais vêem nos zoneros um incômodo e tendem a levá-los a seguir em frente, indicando que a zona é apenas um pouco “mais pra frente” na estrada.
 
Quem vai querer um “aerolito”?

Durante 1989 mais de 650 pessoas chegaram à estação de campo pedindo para ir até a Zona do Silêncio.

As pessoas vêm de toda parte, sozinhas, com guias locais, com estrangeiros, e até com excursões escolares. O turismo não está limitado mexicanos, no entanto, esta é a nacionalidade predominante dos visitantes.

Pessoas dos Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Chile e Uruguai chegaram à estação de campo entre 1989 a 1990. O grau de influência da Zona é incrível. Parece que quase todos os motorista de táxi no México já ouviram falar de La Zona del Silencio.
Em 1992, uma popular estação de rádio FM em Los Angeles fez um programa conclamando seus ouvintes a exporem mistérios da Zona do Silêncio. Certamente que ações desse tipo estimulam esse turismo na região.

Não vejo problema com turismo ufológico, o foda mesmo é nego ser enganado deliberadamente. E acampar turistas em área de reserva ambiental muitas vezes impacta negativamente o meio ambiente, pois esses turistas, principalmente os dos EUA, levam muita comida, pacotes, garrafas, papel, comida e largam monumentais montanhas de lixo para trás.

Como os zoneros disputam um mercado aquecido, cada vez mais eles tentam se diferenciar fazendo também um turismo de “emoção”. Isso envolve se meter em áreas fora das estradas. Tambem não é incomum o turista kamikase, que se mete de cabeça sem saber onde.
Assim, eles freqüentemente têm de ser resgatados, uma vez que raramente estão preparados para as distâncias, a qualidade da estrada, ou mesmo a falta de água. Além disso, muitos deixam a área com raiva e frustrados quando eles não encontram as coisas estranhas que procuravam. 
 
Turistas acampam na região da reserva tentando contatos imediatos

Os meios de comunicação não ajudam, muitas vezes incluindo a estação de campo e da Reserva como a componentes científicos da Zona do silêncio, ou até dizendo que a reserva foi criada para proteger a zona. Isso acabou perpetuando um mito de que a estação de campo não é mais que uma frente de investigação secreta do governo, disfarçada, e que a torre de água é realmente um observatório para os fenômenos extraterrestres.

Ao que parece, ao contrario do que todos os sites dizem (um copiando do outro, como sempre) é que os moradores não acreditam na Zona do Silêncio. Quando perguntado sobre fenômenos estranhos, eles invariavelmente respondem que não vêem coisas estranhas no deserto, só “estranhos”. A única esquisitice realmente inexplicável na Reserva são as luzes que piscam deserto, e podem ser vistas à distância. Há quem afirme que isso é um fenômeno comum deserto, e os moradores locais dizem que as luzes são estranhas, até mesmo assustadoras, “pero no filho nada (mas eles não são nada).”

A atitude dos moradores em relação aos zoneros é mais ambivalente. Os zoneros representam uma potencial fonte de renda para os moradores. Os meninos locais oferecem serviços como guias, e uma liquidação mantém a oferta de refrigerantes e doces para vender aos transeuntes. No entanto, não está claro se os moradores locais estariam interessados em um maior desenvolvimento do turismo. Os fazendeiros temem que isso significaria uma estrada melhor, que levaria a mais pessoas, e portanto, um maior risco para sua propriedade e pecuária.

Em uma reunião na estação de campo em 1990, na qual o secretário de Turismo de Gomez-Palacio esteve presente, os fazendeiros exigiam que zoneros fossem mantidos fora da área e fora de suas terras. A situação ali é tensa e deve continuar assim por anos.

Se a zona do silêncio é mesmo o mistério que pintam ou simplesmente um cantão esquecido no solo esturricado do deserto mexicano, dificilmente saberemos. Minha recomendação é sempre desconfiar de alegações muito espetaculares. Acredito nas luzes do deserto e acho estranha a tal operação de recuperação do míssil (ainda mais em outro país) movida pelos EUA. Não sei dizer se o paralelo com as pirâmides signifique qualquer coisa além de dar uma bossa de misticismo new age na parada e assim atrair mais dinheiro e gente disposta a levar pedras pra casa como provas que aliens existem.

Observatório

Seja como for, o local é mesmo ótimo para a observação dos astros, e a maior prova disso é a ruína do observatório desativado, que se levanta em silêncio, no alto da montanha, contemplando a imensidão insondável do cosmos.
 
Fonte: Mundo Gump