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Os três acusados |
Estupro e roubo em van chocam até mesmo policiais experientes no RioJovens estrangeiros ficaram seis horas sob poder dos criminosos. Policiais dizem nunca terem visto 'algo parecido'. Os dois jovens vieram ao Rio participar de um intercâmbio. Eles moravam em um apartamento em Copacabana, na Zona Sul, e estudavam em uma faculdade também na Zona Sul. Em uma noite de sábado, o casal decidiu ir para a Lapa. Mas a noite que era para ser de diversão, se transformou em um pesadelo. Na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na altura do Posto 5, eles embarcaram na van, conduzida pelos criminosos.O casal viveu momentos de terror durante cerca de seis horas – tempo em que permaneceu sob a violência dos criminosos. O jovem francês, de 23 anos, foi algemado e espancado com a chave de roda do carro, enquanto, segundo investigadores, era obrigado pelos criminosos a ver a namorada americana, de 21 anos, ser agredida e estuprada repetidas vezes.“Eles descrevem com riqueza de detalhes a violência sexual, principalmente. Impressiona bastante como eles descrevem o fato em si. A violência e a brutalidade. Nós mesmos, que somos da área de segurança e estamos acostumados a ouvir, nos surpreendemos. Não tem como qualquer pessoa não se colocar no lugar da vítima, seja do namorado assistindo ao fato ou dela que foi violentada. Ouvir o relato deles choca", contou o delegado assistente da Deat, Rodrigo Brant.
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Os crimes ocorreram dentro de uma van, causando a proibição das mesmas no Estado do RJ |
Sádismo e sofrimentoO namorado da vítima, também estrangeiro, estava no veículo, foi algemado, espancado com uma barra de ferro e roubado, assim como a mulher. Os dois foram liberados pelos criminosos em Itaboraí, na Região Metropolitana, após passarem cerca de seis horas em poder dos bandidos, da 0h às 6h. A identidade das vítimas não foi divulgada pela polícia.“Eles se revezavam no motorista, na condução do veículo enquanto os outros dois atrás praticavam o crime de estupro e a violência contra o namorado da vítima com o veículo em movimento”, conta o delegado assistente da Delegacia Especial de Apoio ao Turista (Deat), Rodrigo Brant.Segundo o estrangeiro, todos riam "sarcasticamente" durante estupros e agressões e que, ela, além de ser estuprada — duas vezes por Jonathan Froudakis de Souza, de 19 anos, o "Gordinho"; e uma vez por Wallace Aparecido Souza Silva, de 21, o "Cachorrão" ou "Tarugo"; e outra por Carlos Armando Costa dos Santos, também de 21, o "Baby" — ainda foi oferecida a um outro homem mestiço e baixo, numa favela em São Gonçalo. A menina foi oferecida por Wallace, mas o homem olhou o interior da van, riu e foi embora. Os três suspeitos foram presos por policiais da Delegacia Especial de Apoio ao Turista (Deat) e reconhecidos pelas vítimas na delegacia e pelo francês no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ).
Perguntado se estava de partida do Brasil, pela defensora pública de Carlos e Jonathan, o estrangeiro respondeu: "Pretendo ir embora o mais rápido possível. Está marcada para amanhã".
Violência no percurso
Os abusos aconteceram durante todo o trajeto. O veículo parava apenas tempo suficiente para que os suspeitos se revezassem no estupro à estudante e na direção da van. Do Rio, eles seguiram para Niterói, na Região Metropolitana, onde usaram o cartão da vítima para sacar dinheiro e para comprar bebidas e energéticos em um posto, que seriam usados no que o delegado Alexandre Braga chamou de "festa do mal". De acordo com o delegado, a intenção deles era "satisfazer" a luxúria". Imagens de câmeras de segurança do posto ajudaram na identificação dos suspeitos.
Na delegacia
Segundo policiais, o rapaz chora bastante, enquanto a namorada, em estado de choque, não esboçava reações, parecia "fora da realidade".
A estudante foi levada por uma policial ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, também na Zona Sul, onde recebeu medicamentos para evitar gravidez e doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV. De acordo com relatos de investigadores, o caso também sensibilizou médicos responsáveis pelo exame de corpo de delito.
O casal reconheceu os dois primeiros suspeitos a serem presos. Jonathan, que confessou o estupro, ainda usava a mesma roupa da noite do crime: uma camisa do Internacional.
O estudante conversou com os pais pelo telefone, já a namorada não teve condições emocionais de falar com os pais. Segundo os policiais, ela pediu apenas para falar com o irmão mais velho, que ficou responsável por dar as más notícias à família. Mesmo em meio ao sofrimento, os jovens não deixavam de demonstrar carinho um pelo outro.
"Eles demonstravam um carinho tão grande. Agora, você imagina uma estudante passar um terror desse por 6 horas. E ela é tão frágil, tem 21 anos mas aparentava ter 14. No sábado, ninguém comeu nessa delegacia, quem estava de folga veio trabalhar, até o delegado assistente que ia tirar férias veio", contou uma policial, que mesmo experiente, não deixa de se emocionar: "As pessoas, às vezes, acham que policial não é ser humano, mas nós sentimos. Eu nunca vi nada parecido", disse.
A ausência de arrependimento por parte dos suspeitos também chamou a atenção do titular da Deat, Alexandre Braga, que considerou o fato incomum. "É um ponto fora da curva, algo que não costuma acontecer no Rio de Janeiro. Foi algo abominável, mas não é rotineiro. É importante que se saliente isso", frisou o delegado